O modelo de Economia vigente na sociedade brasileira e na maior parte do mundo atual, o chamado Capitalismo neo-liberal, tem afundado o mundo em uma desigualdade social cada dia mais escandalosa e é responsável por uma destruição ecológica que, se continuar neste caminho, vai destruir o planeta e inviabilizar a vida sobre a Terra. Todos sabemos que, etimologicamente, o termo Economia tem o mesmo prefixo de Ecologia. No sentido mais profundo, Economia significa a norma de administração da casa comum de todos para que todos possam viver dignamente. Hoje, a Economia é justamente o contrário disso. Por isso, não existe possibilidade de uma Ética Ecológica e Solidária dentro deste universo de um mercado excludente e de uma Economia competitiva.
no Xingu, centenas de índios estão ocupando a hidrelétrica de Paranatinga II, no Rio Kuluene, no Mato Grosso. Estas obras já tinham sido embargadas pela Justiça Federal, mas assim mesmo continuam. Os índios dizem que esta hidrelétrica prejudicará irremediavelmente o rio Kuluene que corre para dentro do parque do Xingu, onde vivem cinco mil pessoas de 15 etnias. A barragem impedirá a reprodução de muitas espécies de peixes que precisam das corredeiras e da extensão do rio para se reproduzir. Isso afetará de forma terrível a vida e a sobrevivência de muitas comunidades indígenas. Elas sabem que a hidrelétrica está sendo construída para garantir grandes plantações de soja e pastagens, destruindo a floresta e o cerrado. Além disso, vão inundar um território sagrado das etnias do Xingu, onde foi celebrando o primeiro Kuarup, em homenagem aos mortos ilustres, cerimônia cultivada por varias etnias.
São duas lógicas de vida que estão em jogo. Não é possível manter e alimentar a lógica oficial do lucro e tirar migalhas para uma Ética ecológica e solidária. Entretanto, nós sabemos que o Capitalismo não vende apenas produtos e mercadorias. Vende sonhos, vende símbolos. A propaganda da Coca-cola não diz que ela é saborosa, nem mesmo que tira sede. Diz que ela é uma forma de vida. Tomar Coca-cola é ser jovem, ser livre. Usar tal tipo de tênis torna você importante. Tal marca de calça lhe faz ter sucesso com as meninas e assim por diante. Antes de colonizar a terra e de envenenar nossos campos com agro-tóxicos, o Capitalismo coloniza nossas mentes. Domina o nosso imaginário. Escraviza nossa fantasia. Além de destruirmos sementes transgênicas, temos de impedir os transgênicos da alma, da nossa sensibilidade, do nosso afetivo. E temos, é claro, de ocupar espaço. Recriar uma sensibilidade que torne cada vez mais atraente e gostoso o nosso modo de conceber a vida, de administrar as relações e viver nossa forma de cultivar e nos alimentar.
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